Ainda que não me ocorra nada de imediato para escrever,

A lua luminosa, insiste em convidar-me ao deleite dos poetas sonhadores…

Que veem seus sonhos flutuarem junto com o sereno frio transitante por entre a noite escura:

Os sonho de uma noite,

Os sonhos de todo dia.

 

E porque escrever agora?

Se nem as muriçocas me dão o sossego necessário para o que brota?

Atormentam os lençóis… Travam uma batalha sanguinária,

Manchando de vermelho minha cama,

Do sangue sugado.

 

Estou sugada.

E cansada do ópio, alienação dos insensíveis…

Cansada dos pratos, da comida, do corpo,

Do quarto, da cachaça, das palavras, das notícias,

Das novelas, das propagandas, dos discursos de lama,

Dos discursos de merda, posados em pedestais e condecorados dos bacanas…

 

Cansada das caras sorridentes, cheias de dentes,

Mas que trazem no olhar um sentimento doente:

O olhar vazio, que não diz nada, como a televisão

Enfeite do ambiente de agora.

 

Só não estou cansada de alma.

Que abandona o corpo para ver a programação encomendada

Para o dia que acaba de começar,

Sair pra passear, e, no onírico:

 

– São homens de bigode e chapéu mexicano,

Com os olhos esbugalhados e o riso largado de obsessão.

Mandam na rede, com a espada na mão:

Controle tecnológico da informação.

É quase o gato de botas.

 

Agora, são quase duas horas.

Eutanásia, aborto, pedofilia e bioética, doutrinação nas escolas:

Vida em desconstrução.

 

Por Lua Poiesis

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